segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

In the Shadows II



Mais um dia, mais um pôr do sol, mais um ano.

Naquele fim de tarde, naquele crepúsculo de dia visitava as pegadas das gaivotas escritas na areia. Pequenos segredos suavemente apagados pelas pequenas ondas de um mar azul. Essas mesmas ondas que insistiam no beijo húmido daqueles pés despidos de calor. Segredos. Esses que pegadamente deixava no seu passado, longe demais para serem levados para o fundo do mar azul. Mas não longe o suficiente para serem esquecidos. Porque a pegada não foi desenhada na areia, mas esculpida no coração.

Mais um ano. Tantos anos já que aqueles longos cabelos morenos esvoaçantes carregavam na sua raíz… Tantas desilusões. Tantos objectivos adiados. Tanta nuvem inesperada. Tanto sol escondido.

Apenas ela, a praia, o mar e os seus pés. Nem gaivotas se avistavam. Nem o sol. Apenas ela e o arrependimento. Sentou-se e consentiu que fosse arrepiadamente acariciada pelas águas frias da noite. Deitou-se e sentiu o abraço da areia iluminada pelas estrelas. E ali ficou.

Porque queria que a gélida noite de Inverno congelasse o seu pensamento. Não queria mais pensar. Não queria mais relembrar. Não queria mais sentir. Não mais.

E desejou que o pôr do sol fosse o nascer do dia.


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